Doença de Alzheimer (DA): O que é mais importante saber.
- Dr. Gabriel S. Froehner

- 20 de jan. de 2022
- 3 min de leitura
É a doença neurodegenerativa mais comum e também a causa de demência mais comum na população em geral.
De causa ainda indefinida, existe provavelmente algum grau de inflamação (níveis pequenos, mas duradouros) que desencadeiam uma séria de reações metabólicas e que em último estágio leva a morte de neurônios cerebrais.
No caso da DA, em estudos de patologia, existe um marcador conhecido por proteína beta amilóide, que quando em excesso, marca os neurônios que estão defeituosos. Não se sabe se esta é de fato a causa ou consequência da doença.
São fatores de Risco: Idade acima dos 60 anos, Diabetes, hipertensão não controlada, depressão e isolamento social, tabagismo, alcoolismo e sedentarismo.
O cérebro com Alzheimer desenvolve alguma resistência a insulina, o que gera mais radicais livres e mais oxidação e inflamação a nível microscópico.
Por conta disso, uma alimentação com menor quantidade de carboidratos e que contenha alimentos com baixo índice glicêmico é recomendada. Diabetes então tem que estar bem controlado!
O principal sintoma da DA é a perda de memória episódica (amnésia), ou seja, esquecimentos para fatos recentes, com preservação da memória do passado mais remoto.
Pode haver comprometimento de função executiva (planejamento e execução de alguma ação), visuoespacial (se perder em caminhos conhecidos) e linguagem (dificuldade para se expressar).
Como podem ver, a DA não é só alteração de memória.
A amnésia pode ser leve no início, com necessidade de anotar tudo em papel, e ir progredindo para níveis moderados, onde passamos a ser muito repetitivos até atingir um nível avançado, onde necessitamos de terceiros para fazer nossas atividades usuais.
A definição de demência, inclusive, necessita que haja comprometimento da funcionalidade. Ou seja, a pessoa deixa de fazer coisas por conta dos esquecimentos, que por conseguinte passam a prejudicar a qualidade de vida de quem tem a doença.
Sintomas neuropsiquiátricos como apatia, depressão, ansiedade podem estar presentes no curso da doença e devem ser tratados.
Em fases mais avançadas, irritabilidade, agressividade e alteração do comportamento podem ser incômodas e necessitar de tratamento com medicações específicas.
Vale ressaltar que na DA esta piora deve ser lenta e progressiva ao longo de anos. Se for algo muito rápido se trata de uma urgência neurológica com necessidade muitas vezes de internação hospitalar para realizar exames com mais rapidez.
Diagnóstico:
Na prática, o diagnóstico da DA é puramente clínico e pedimos exames principalmente para descartar causas secundárias de demência.
Na consulta, checamos sempre se existem outros fatores que são a causa ou que podem contribuir para a queixa de memória, são eles:
doenças mentais
doenças metabólicas (DM2 descontrolado, disfunções da tireóide)
deficiência de vitaminas (complexo B, acido fólico, etc)
outras lesões intracranianas, como AVC, tumores, etc.
O exame de imagem mais solicitado é a Ressonância Magnética (RM) do crânio.
Na maioria dos pacientes com DA, existe atrofia de algumas áreas do cérebro, especialmente os hipocampos.
Casos leves e iniciais podem vir com a RM normal. Caso seja necessário, nestes casos podemos solicitar exames que estimam o metabolismo cerebral, como o PET-FDG ou a RM com volumetria dos hipocampos.
Faz parte da consulta neurológica objetivar a queixa de amnésia através de testes cognitivos. Muitas vezes existe a queixa, mas que não conseguimos demonstrá-la através da avaliação médica no consultório. É o que chamamos de CCL ou comprometimento cognitivo leve. Esta condição pode evoluir para Alzheimer em 50% dos casos.
Outra parte da avaliação é a de “estagiar” a doença, ou seja, se estamos diante de um caso leve, moderado ou grave de DA. A escala mais utilizada aqui é o CDR (do inglês, escala clínica de demência).
Caso ainda assim haja dúvida no diagnóstico, podemos indicar ainda a avaliação neuropsiquiátrica.
Tratamento:
O tratamento ainda é somente sintomático, infelizmente não existindo um remédio que cure ou possa reverter a piora progressiva.
Os medicamentos mais usados são os inibidores das colinesterases para sintomas de amnésia e neurolépticos para sintomas comportamentais.
Acetilcolina é um neurotransmissor que está ligado a atenção e retenção de memória. Estruturas cerebrais relacionadas a estas capacidades estão comprometidas no Alzheimer, como os hipocampos.
Por isso remédios que aumentem a acetilcolina são normalmente indicados, como a Donepezila, Galantamina e a Rivastigmina.
Atividade física regular e suporte nutricional também são fundamentais para melhorar a qualidade de vida do paciente.

Foto: Galanthus sp., planta base do medicamento galantamina.



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